terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ascendido

 Chema Madoz

14 de Agosto de 2011, 3 da manhã de Domingo pra Segunda-Feira (feriado de Assunção de Nossa Senhora): Vencido o asco da imolação e da ressaca, e sem culpas, nem medo e com desejo, não mais resisti.

Que eu seja eu e não outro e que gostem de mim assim, mas que eu não estrague o que eu quero tanto que dê certo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Amém


Desde que eu parei de frequentar a igreja, aos 19 anos, 
meus pecados foram sumindo aos poucos, "milagrosamente".

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A falta de algumas letras "e" fazem toda a diferença.



C’etait un vendredi. Le 23 septembre 1983. A quinze heures. A Paris, au numéro 5 de la rue Jean-Jacques-Rousseau. Dans un studio uniquement meublé d'un lit double. Pas de musique. La lumière d'une bougie. Il avait vingt-trois ans, moi dix-neuf. C’était mon premier amour. Mais il avait choisi Dieu, il m’avait quitté pour entrer dans une secte. Une semaine plus tard, il a garé sa voiture près d’un passage à niveau, et il s’est jeté sous le train. Sous le siège de la voiture, on a retrouvé mes lettres d’amour. Il a été enterré en Haute-Savoie. Sa mère a refusé que j’assiste aux obsèques. Je suis resté enfermé dans ma chambre, seul. Je n’ai jamais autant pleuré que ce jour-là. De seize heures à dix-huit heures, le temps qu’ont duré les funérailles. Puis j’ai allumé une bougie dans un verre, je me suis allongé, endormi. Quand je me suis réveillé, le verre s’était brisé, la bougie était éteinte et j’étais agenouillé. Genoux à terre, avec dans les mains la seule photo que j’aie jamais eue de lui, celle du faire-part de décès. (p. 245)


Foto e texto: CALLE,Sophie. Douleur exquise. Paris: Actes Sud,2003. 
Fonte da Foto: (http://www.christinawilson.net/template/t02.php?menuId=64)

terça-feira, 5 de julho de 2011

A esperança é um urubu pintado de verde


Há poucos dias recebi um e-mail intitulado "Fotos Históricas" que trazia uma série de celebridades e lugares mundialmente ou nacionalmente conhecidos. Elvis Presley no exército, Marilyn Monroe na Playboy, a evolução das garrafas de Coca-Cola, o Corcovado sem o Cristo Redentor, o massacre do Carandiru, etc. Mas a minha foto predileta é uma do John Lennon dando autógrafo ao jovem que, pouco tempo depois, iria assassiná-lo. Ainda não gosto tanto assim de Beatles, e gosto menos ainda de John Lennon em carreira solo, e como não chego a ser fã, não é por tietagem que a foto me chamou a atenção. Aliás, ela é simples, não tem nada de pungente pra mim e, de início, só serve como registro. Ela só ganha importância e deixa de ser só mais uma dentre várias fotos por ter captado o instante em que algoz e vítima estão tão próximos. Não li bem sobre o caso, então não sei se nessa época o rapaz à direita já planejava o crime. Estive aqui tentando encontrar na feição dele algo que denuncie a sua intenção. Mas não vejo nada! Acho que ambos estão enquadrados no domínio do imprevisível. Chego a sentir um pouco de pena daquele que será morto porque eu sei que ele será morto, e ele, na foto, não sabe. Quando se trata da foto, eu tenho consciência de que Lennon morrerá pelas mãos daquele que está logo ali, ao seu lado. Nesse sentido, eu prevejo o futuro, enquanto ele, personagem-protagonista que sofrerá a ação, permanece na inocência e na ignorância. Diferente de Jesus Cristo, que sabia que um de seus apóstolos o trairia, John Lennon estava desprevenido. Em compensação, o autógrafo dado por ele ao fã é como o beijo concedido a Judas.

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P.S. I - Título: Mário Quintana
P.S. II - Ainda volto aqui para falar da semana passada, em que saí em todos os quatro dias de feriado e ainda fui em um show de pagode!

sábado, 18 de junho de 2011

Isso é que dá não saber escolher repertório

 O da estampa da camisa é esse mesmo que você está pensando.
Moz era fã dele. Acho que sabemos um dos motivos, né? rs.

Morrissey (Moz pra quem se sente íntimo) não pára nunca de intrometer na sua vida se você deixar. Hoje, pela manhã, como se não bastasse eu já ter acordado "tão bem", eu caio na armadilha de ouvi-lo e, como quem é convidado pra entrar, ele chegou sussurando assim:

There's gonna be some trouble 
(Haverá alguns problemas)
A whole house will need re-building 
(Uma casa inteira precisará ser reconstruída)
And everyone I love in the house 
(E todos os que eu amo na casa)
Will recline on an analyst's couch quite soon 
(Em breve se reclinarão no divã de um analista)¹


 "Nóis vêi inté aqui pa separá o joio do trigo, arre!"

Mas acho que meu aparelho de som, por mais máquina que seja, ficou com pena e, pra entornar um pouco de luz no dia que amanheceu meio sombrio, resolveu tocar Noah and the Whale:

It's the first day of spring
(É o primeiro dia de primavera)
And my life is starting over again
(E minha vida está começando de novo)
[...]
Like a cut down tree I will rise again
(Feito uma árvore cortada, eu crescerei novamente)
I'll be bigger and stronger than ever before
(Serei maior e mais forte do que antes)
[...]
There's a hope in every new seed
(Há uma esperança em cada nova semente)
And every flower that grows upon the earth
(E em cada flor que cresce sobre a terra.)²

Hoje tem churrasco pra eu ir. É dia de socializar. Rs.
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1 - Morrissey - Now my heart is full.
2 - Noah and the Whale - The first day of spring.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Maio já está no final, e o que somos nós afinal?

Pra combinar com a laranja daquele outro post. 


Ontem, quando o primeio semáforo que há depois da autoescola abriu - dando aval para aquele dilúvio bovino passar no matadouro -, eu deixei o carro morrer e tive que ligá-lo às pressas porque vinham outros atrás. Não levei buzinada na cacunda (kkkkk) mas fiquei meio aflito. Hoje de manhã eu já saí de casa preocupado com isso, e pedi a Skinner 1 que não me punisse, porque eu já tinha aprendido com a lição, rs. Pois não é que o dito cujo me deu foi uma recompensa? Pela primeira vez, encontrei o sinal verde. Durante a aula eu errei baliza três vezes, o que deu margem pra que o "fidaégua" sentado no banco do carona afirmasse que "tá faltando pensar um pouquinho, hein, motorista?!", mas acertei as próximas duas. Na volta, o espírito de Nenê (como também é conhecido Skinner) foi mais uma vez generoso e eu encontrei o outro semáforo também verde. Chegando na autoescola eu me desesperei pra estacionar o carro no meio daquela muvuca de bicicletas e motos e pedestres e crianças com catarro verde escorrendo pelo nariz e limpando em mangas de blusas de frio já melecadas, o que deu vazão pra que o "fidaputa" sentado ao meu lado direito ralhasse comigo, dizendo que "cê demorou demais pra virar o volante, motorista, que negócio é esse? E essa sua embreagem hoje não tava funcionando, não?!". Não, não estava. Ela agarrou no seu ** quando eu apertei até o fim, babaca. Saí do carro, fechei a aula, e vim embora.



- O sinal...
- Eu procuro você...
- Vai abrir, vai abrir...
- Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
- Por favor, não esqueça, não esqueça...
- Adeus!
- Adeus!
- Adeus!2



Passei num mercado de verduras pequeno, coisa de duas portinhas, e enquanto escolhia limões - gosto muito em carnes e na comida -, ouvia uma música bonita ali dentro. A voz era masculina e o estilo era lírico. Lembrava um pouco o Josh Groban, mas eu duvidava que alguém aqui, e logo num mercadinho, conhecesse. Nem é preconceito, é estatística mesmo. 



Eu: "Isso é rádio ou CD?"
Ela: "É CD. Eu vi que você tava procurando de onde vinha o som" (e apontou, com sorriso no roso, pra um microsystem). 
Eu: "De quem é?"
Ela: "O CD? É meu".
Eu: "Não, digo, de que artista?"
Ela: "Ah, é Julio Iglesias. Eu adoro Julio Iglesias. Tenho três dele, mas quero pedir minha irmã pra gravar mais pra mim". 
Eu: "Achei muito bonita a música! E o estilo me lembrou um outro cantor que eu conheço".
Ela: "Quem?"
Eu: "Josh Groban. Ele é dos Estados Unidos mas canta em outras línguas além de inglês, tipo italiano".
Ela: "Ah, esse eu não conheço. Depois você me diz o nome do CD, e eu vou tentar comprar".
Eu: "Tudo bem, então. Até mais e obrigado".
Ela: "Até mais, e obrigado a você".



Fiquei feliz por ouvir uma coisa diferente em um lugar tão simples. Geralmente, o padrão é rádio tocando nunca-se-sabe-o-quê da terra do Tio Sam e sempre-se-sabe-o-quê, já que as músicas se repetem durante todo o dia. Acho que ela ficou feliz por alguém ter percebido a música , ter dito que gostou, ter se interessado em perguntar quem cantava e, ainda, conversar um pouco sobre aquilo em meio a bancadas de beterrabas, limões, pepinos, abobrinhas, cebolas, tomates, batatas, balança digital, gavetas do caixa, moedas, cédulas e sacolas plásticas. Mas saí de lá pensando "Oh meu Deus, eu gostei de Julio Iglesias. Eca!", kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Isso sim foi preconceito. Mas tem gente que gosta, em alarde, de coisa bem pior (sem essa de relativismo hoje). Fato é que eu cheguei em casa e fui logo procurar na internet a tal música. Das mais de 400 disponíveis numa dessas rádios online, não é que eu escolhi a certa? Tinha entendido um "Te voglio bene" (valeu, Terra Nostra, rsrs) lá no mercado, coloquei no Google enquanto o início da música tocava e não dava pra distinguir se era ela mesma, e descobri que era. O nome dela: Caruso, que também é nome do cantor de "Una Furtiva Lagrimia", que nossa querida Maca 3 tanto gosta(va).

 

Te voglio bene assaie
ma tanto bene sai

é una catena ormai
che scioglie il sangue dint'e vene sai



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1 - Aquele carinha do behaviorismo, rs.
2 - Sinal Fechado - Chico Buarque.
3 - Macabéa (A Hora da Estrela).


sábado, 28 de maio de 2011

Não sou o Messias, mas trago novas...

 Há quem sofra críticas por admitir que gosta dele.

Andam, em sonhos, me assombrando. Pessoa antiga. Diz desdenhosa coisas como "fica ele lá, escutando o 'amaaado' Caetano. Não sabe de nada, não é prático. Quero ver o que vai ser!" enquanto subimos as rampas do Niemeyer*, descemos escadas estreitas de madeira, evitamos nos olhar e deixamos alunos pequenininhos passarem rumo às salas de aula.

E agora estamos aqui
Do outro lado do espelho
Com o coração na mão (...)**
 [Esperando que Jaguadarte o deixe em farrapangalhos (?) rs.]

De um pote cheio de rosquinhas bem crocantes eu tirei uma e comi. Na hora de escolher a segunda, procurei a menor, mesmo tendo olhado e desejado a maior. E deu um click: Sempre o receio de ser considerado esperto, egoísta, afoito e esganado, e a vergonha da associação com a minha imagem. Então, mesmo que eu pegue 20 pequenas, a mais vistosa é sempre deixada por último, pra que alguém que não tenha vergonha de ser esperto e seletivo a pegue e me livre da escolha - e para que o meu arrependimento cíclico recomece. Mas oh... como isso está mudando!!!

Slightly bemused by the total rejection
Dreams of a place with a better selection
Dreams of a face that is pure as perfection ***

Estive dançante esses dias. Mas faço mais mudras epilépticos com o corpo do que uma dança propriamente dita. Deve ser por isso que é tão catártico. Que nada, né? É só porque gasta um pouco de energia e libera endorfina mesmo, rs. Estou fazendo aulas de direção de carro (aleluia!) e fico tenso durante todo o tempo. Então, só por dois dias, senti vontade de chegar em casa e ter uma válvula de escape. O repertório é curto e já conhecido, mas as músicas foram as mais agitadas de Beirut (como Brandenburg, que parece um terreirão de macumba com maracatu), Placebo (tipo Brickshit House e You Don't Care About Us) e Björk (Earth Intruders).

You're too complicated, we should separate it.
You're just confiscating, you're exasperating. ****

Ahhh!!! Duas coisas pra contar: Num sábado, fui em um churrasco que teve muito coração de galinha, carne de boi, linguiça e asa de frango, três pessoas divertidas e inteligentes, bem como uma adolescente que foi dormir mais cedo, vinho tinto seco e branco suave, e um tal de Trivento (argentino) que eu gostei muitão, e trilha sonora com coisas que eu gosto. Na semana seguinte, fui em um rodeio e no show de Cézar Menotti e Fabiano! rs. Balancei um pouco, cantei (berrei) as músicas. Me diverti muitíssimo. Quem não me conhece, aposto que acreditou que eu sou fã dos rolicinhos. Sério! Ainda que não tenha encontrado, cacei! E vi conhecidos e conversei, e ri e critiquei, kkkkkk.

I beg you my darling
Don't leave me
I'm hurting (...)
You're not rid of me
I'll make you lick my injuries *****

I put a spell on you
Because you're mine. (...)
I don't care if you don't want me
'cause I'm yours anyhow. ******

Sabe... eu posso até ficar triste, mas não sou, definitivamente, desses de sair gritando essas coisas (tipo as dessas músicas aqui em cima) por aí. É querer se humilhar. Bom é voltar a gostar do que sempre se gostou.

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Últimos Filmes: Dias selvagens; Felizes juntos; 2046 - Os segredos do amor; A conversação; Dersu Uzala; Entre no vazio; Violência gratuita; A partida; Tio Boonmee; Lady Chatterley; Gênio Indomável; Maurice; XXY; e curtas (Comida; Dimensões do diálogo; Meat love; Código Tarantino; A casa de pequenos cubos).

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* Ontem assisti na TV um documentário sobre ele e acabou fazendo parte dos sonhos.
** Onde o Rio é Mais Baiano - Caetano Veloso
*** Burger Queen - Placebo
**** You don't care about us - Placebo
***** Rid of Me - PJ Harvey
****** I put a spell on you - Screamin' Jay Hawkins (mas eu conheço pelo cover de Marilyn Manson)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O corpo existe e pode ser pego

Hermann Nitsch (clique para aumentar)


9-10/04/2011 - A proto-consumação do amor-mentira no chiaroscuro de uma casa vazia.

Ainda o assombro da característica dos olhos de Capitu. Que logo passe. Amém.

Edit. 18 de Abril: Re-parido. Recebi tantos desanimadores Seja Bem-Vindos. Sai-se incólume? Não.

sábado, 2 de abril de 2011

Je suis parti avec toi



Ano passado eu postei aqui umas impressões sobre "La Musique", o álbum até então recente do Dominique A. Já faz tempo mas até hoje não consegui todas as letras das músicas. E como eu queria muito uma delas, acabei pedindo a ajuda de um amigo virtual pra transcrever, comigo, a letra de "Je suis parti avec toi". Vou fazer a boa ação de colocar aqui pra que as pessoas que busquem por ela no google encontrem resultado.


Je suis parti avec toi
sans te le dire, un beau matin.
Quand tu es sortie de mes bras
j'ai réglé mon pas sur le tien.
Tu n'as pas eu l'air de me voir,
de savoir que je te suivais
comme tu avancais au hasard,
et que le ciel s'épaisissait.

Tu savais pas bien où aller.
Ta liberté t'ébahissait.
Des hommes t'ont serrée de près.
Je ne me suis pas détourné.
Je sais pour toi qu'ils n'etaient rien,
qu'ils ne pouvaient pas te toucher.
Tu cherchais ma main dans leurs mains,
je regardais ta main chercher.

Je suis parti avec toi
sans te le dire, un beau matin.
Et je ne t'ai jamais rejoint,
ni plus jamais touché tes doigts.
À chaque endroit où tu allais
je sentais qu'en toi j'etais là,
j'entendais que tu me parlais
comme quand tu etais dans mes bras,
comme quand tu etais dans mes bras.

Je suis parti avec toi.


domingo, 13 de março de 2011

Ferreira Gullar no Roda Viva



Entrevistador: "Você inventa o poema ou o poema vem?"
Ferreira Gullar: "Não, eu invento. A vida é inventada, não é só o poema. Nós nos inventamos. A Divina Comédia podia não ter sido escrita. Bastava Dante ter morrido aos 15 anos. Eu não estou dizendo que [a coisa] por não ter sido escrita não tem importância. As coisas são feitas por acaso, são feitas como invenção, e depois se tornam necessárias à nossa vida se elas correspondem à nossa necessidade."


"Eu vou ler um poema que é curto, embora não seja muito alegre. Eu estava andando pela praia, porque eu moro perto de Copacabana, aí de repente eu me lembrei que meu filho, Marcos, fazia aquele passeio sempre, só que ele não existe mais, não estava olhando mais aquilo. Aí eu me comovi com esse pensamento e escrevi, pouco tempo depois, o poema, que diz assim:

Os mortos


os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos

eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
       certas sinfonias
                 algum bater de portas,
       ventanias

           Ausentes
           de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
           se de fato
           quando vivos
           acharam a mesma graça  "


sexta-feira, 11 de março de 2011

"Sonhos Molhados"






Quem lê esse blog sabe que eu conto alguns dos sonhos que tenho. Eles são sempre estranhos, mas se fossem os comuns, qual o sentido de contá-los? O dessa vez foi assim: Eu no box do banheiro. No lugar da torneira do chuveiro, uma válvula de descarga. Eu a apertava. O ralo, entupido, regurgitava um caldo escuro, asqueroso e fétido. Com as costas na parede e as pontas dos pés no chão, eu evitava que aquilo encostasse em mim. Está ou não está claríssimo? Pois é. Está sim.

Lembrei-me da cena do banheiro em A Conversação* e do líquido misterioso de Solaris**.

-

Só mais uma coisa: Eu prefiro um corajoso erro feio igual Zii & Zie*** a uma medrosa repetição de onomatopéias (dib dib da da du dudu para pá) feito aquele insosso Ária****. Quem não se reinventa na arte quer oferecer jiló com pó dourado ao público.

--
* Coppola
** Tarkovsky
*** Caetano
**** Djavan


quarta-feira, 2 de março de 2011

Laranja

É obvia, mas tu não queria que a imagem fosse a de uma jaca, queria?



Peguei um saco verde com laranjas  verdes, mas por dentro eram laranjas laranja. A paternidade comprara. Havia 9 delas. Descasquei 3. A irmandade masculina comera 1. Mais tarde, descasquei mais 2. Mais tarde, mais 4. Mas laranja mais laranja dessa vez não houve. Descascá-las é tão chato quanto terapêutico. Entre descascar e comer, descascar e comer, descascar e comer, hoje fiquei com descascar tudo de uma vez pra que toda a parte chata fosse separada da prazerosa (esta ficando por último). Não tive vontade de comer ainda e gostei de descascar. Estão todas dentro da geladeira esperando por alguém disposto a encará-las. Laranjas me dão espinhas. Expostas e internas. Pode ser impressão, pode não ser. Outro dia fiz suco, hoje comi.

A paternidade comprou cheirosos Phebos, e muitos de cor laranja. É uma das fragrâncias de que mais gosto. Raspo, com a unha, uma camada ressecada que vem dos lados enquanto tomo banho. É divertido.

A prole da parte feminina da irmandade pintou as unhas de um laranja muito vivo. Ficou feio. Eu disse: "Que bonito!!! Quem pintou suas unhas?", ao que ela respondeu: "Minha mãe".

Ontem, no supermercado, eu vi carambolas meio verde-alaranjadas. Mamões meio verde-alaranjados. Chá verde com laranja, que eu tanto gosto, mas não o de laranja com especiarias, que procuro há mais de um ano. "Que tal um chá pra gente se achar?".

O botão "Publicar Postagem" é laranja. O logotipo do blogspot é laranja. (inutilidade)

"Pra você aprender a beijar, treine com uma laranja, ou então, tire o miolo do pão com a língua". 

Eu gosto muito de bolo de laranja.

"Quantas vezes já cheguei no fim da festa / Quantas vezes o bagaço da laranja é o que resta". D2 (apelei hein!) (o sotaque carregado pronuncia "resta" assim: /réixxxta/)

Disseram que para eliminar um foco de formigas dentro de casa, põe-se veneno num pedaço de fruta cítrica, que é a preferida delas, como uma laranja, e deixa-se a uma certa distância do local de onde saem. As formigas obreiras virão até a fruta, sugarão o líquido envenenado e, já dentro do formigueiro, alimentarão a rainha... Isso só me parece menos covarde e maquiavélico do que jogar sal em lesma. A impressão que dá é que para muitas pessoas esse inseto, por ser tão pequeno, não merece respeito. Soou meio protetor dos animais, mas é que tenho pena. Juro.

A formiga é o abutre da terra. (só pra completar "Cultura", do Arnaldo Antunes).

Um dos meus filmes prediletos: Laranja Mecânica. (Hoje em dia é predileto de todo mundo. O(a) fulano(a) vê Homem Aranha, Um Amor pra Recordar e Uma Linda Mulher. Quando perguntado(a) se já viu Laranja Mecânica diz que "eh o filme dah miña vida, véi. Adoro esces filme di pissicologia! Eu mim paresso com o Alex".

O Brasil perdeu para a Holanda ( laranja mecânica ) na copa de 2010.

Há duas gosmas verde-alaranjadas na capa de The King of Limbs (que é muito bom, por sinal).

E a Vereadora Antropófaga? Hahá! 7 minutos apenas. Tudo laranja. Almodóvar.

É previsível, mas tu não queria que as cores desse texto fossem azul e cinza, queria?

Sophie Calle. Regime Cromático. SEGUNDA-FEIRA: LARANJA - Purê de cenoura, camarão, melão, suco de laranja.

CALLE, Sophie. De L'Obéissance. Paris: Actes Sud, 1998.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Olha que graça!



 
Fonte: Fuck Happiness


 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011



Deus, meu(?) Deus... por que esse Teu silêncio TÃO grande?

"Deus dos sem deuses
deus do céu sem Deus
Deus dos ateus
Rogo a ti cem vezes
Responde quem és?

Serás Deus ou Deusa?
Que sexo terás?
Mostra teu dedo, tua língua, tua face,
Deus dos sem deuses."



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Livros - Parte III (Fim) - Leituras de 2010



No ano de 2010, em relação aos outros anos, eu li pouco porque gastei o tempo assistindo a muitas séries de televisão como também a filmes. Além disso, foi o ano definitivo para a escrita do Trabalho de Conclusão de Curso, o que me tomou bastante tempo e nervos, rs. Mas aqui estão as impressões do que eu li:

Comédias para se ler na escola - Achei algumas crônicas muito boas, mas várias tão ruins! Me indicaram o "As mentiras que os homens contam", disseram ser melhor.


Perdas e Ganhos - Sempre ouvi muita gente falar mal desse livro. Acontece que eu queria dar um presente pra uma pessoa que não estava muito acostumada com romances e ficções, e eu queria dar um best seller. Era para uma mulher, então resolvi dar Lya Luft. E eu gostei muito porque, apesar da mistura de auto-ajuda com memórias, o texto era tão fluido que parecia que eu escutava uma palestra, e eu me diverti. Lembro de uma professora me ensinar que tudo serve pra alguma ocasião, qualquer que seja o escritor/artista. E, de fato, apesar de todo o falatório acadêmico contra, a Lya me serviu e eu gostei.


Coração Andarilho - Um livro de memórias da Nélida Piñon. Ela conta sobre a infância no Rio e também quando morou durante vários anos na Galícia, sobre o pai que permitia que ela comprasse absolutamente tudo o que quisesse na livraria, sobre como começou a escrever, enfim... esses assuntos abordados por todos os escritores que fazem memórias, mas com enredos e personagens diferentes, rs. É bom, é bom... mas por ser Nélida, me pareceu, fortemente, que poderia ser bem melhor.


A História do Amor de Fernando e Isaura - Primeiro livro do Suassuna que eu li. Um amigo virtual que mora em Belém do Pará me deu de presente de aniversário. É uma adaptação de Tristão e Isolda com elementos bem brasileiros. A história se passa no nordeste, com direito a praias, barcos, frutos típicos, trabalho pesado ao invés de cavalaria e glória. O romance é daqueles avassaladores, hahaha, e muito, muito exagerado. Não é o meu estilo favorito, e quem me deu sabe. Pra mim, entretanto, tem valor sentimental por ter sido um presente e gostei do livro.


De Amor e Trevas – É uma autobiografia do escritor israelense Amós Oz. Muitas lembranças presentes nesse livro não interessam a não ser ao próprio autor, como costuma acontecer nesse gênero literário, e por vezes, os floreios ao redor de algumas memórias são exagerados e artificiais demais, como se tentasse torná-las importantes para alguém além dele mesmo. Amós era filho de pais intelectuais. Apesar de falar muito do pai durante as longas 624 páginas, um professor de literatura e poliglota (lia em cerca de 17 línguas) frustrado por não obter sucesso com os livros teóricos que escreveu, eu acredito que tudo isso foi escrito só para abordar o fato aparentemente mais marcante da vida do autor: o suicídio da mãe. Ela, que estudou filosofia e era oprimida pelo paternalismo da sociedade em que vivia, ingeriu uma quantidade excessiva de comprimidos depois de muito sofrer com inexplicáveis dores físicas (e psicológicas). Demorei quase 1 ano para ler 200 páginas - o início foi difícil - e 3 dias para as outras 400. É uma viagem na infância e adolescência do autor e a história de um estado recém formado, o de Israel. Gostei muito, no final das contas.


As Brumas de Avalon. Livro 1 - Acho que eu precisava ter lido quando gostava mais de aventuras e reinos fantásticos e antes da faculdade, porque agora eu vejo tantas falhas na criação das personagens, um estilo pobre de narrar, uma pressa (inexplicável, já que a série dispõe de mais de 1000 páginas) pra contar fatos que exigem mais calma, e uma besteira de falar mal do cristianismo pra enaltecer uma seita que se assemelha à wicca. Faltam mais três livros, e vou ter que fazer uma forcinha pra continuar...


Você quer o que deseja? - É do Jorge Forbes, um psicanalista e estudioso que ainda publica estudos e já deu palestras no Café Filosófico. Achei muito informativo o livro, mas talvez seja porque eu tenha um conhecimento bem primário a respeito desse campo. A leitura, entretanto, foi muito prazerosa, e ele aborda temas para o profissional da área, mas também para interessados e iniciantes no assunto. Indico!


A Peste - Finalmente eu li esse livro que há tanto tempo queria. Acho que já disse que eu tenho uma estima enorme pelo Camus. Dele eu já li “O Estrangeiro” (meu preferido até hoje), “O Avesso e o Direito” (o qual eu pouco compreendi. Preciso reler um dia), “A Queda” (achei ótimo, apesar de me parecer uma coleção de aforismos), e agora, “A Peste”, que tem um enredo bem simples, na verdade, mas que por trás diz tanta coisa sobre os horrores da guerra, e analisa o confinamento dos seres humanos exilados pela peste (ou qualquer flagelo que se queira, já que a peste é metafórica), todos formando uma massa uniforme, todos com sentimentos muito parecidos. Dentre os vários trechos que marquei durante todo o livro, este, particularmente, é muito bom:

Sem memória e sem esperança, instalavam-se no presente. Na verdade, tudo se tornava presente para eles. A peste, é preciso que se diga, tirara a todos o poder do amor e até mesmo da amizade. Porque o amor exige um pouco de futuro e para nós só havia instantes.

Em Busca do Tempo Perdido - Vol. I - No Caminho de Swann – Mais umas coisas que eu esqueci de dizer no post anterior: Eu... estou... em... estado... de... graça!!!... Fiquei perdido várias vezes em meio a tantas vírgulas e travessões, e frases de 15 linhas sem ponto, e descrições incríveis e muito, muito sensíveis, voláteis mas precisas, daquelas em que você só consegue dizer "É isso, é isso! Ele sabe exatamente como explicar essa coisa que parece tão simples!". É prazer demais, o tempo todo. Me lembrou um pouco Eça pelas descrições, Clarice por esmiuçar a simplicidade, e Virgínia pelas observações perspicazes e pelo fluxo de consciência em algumas partes. Já tive experiências sensoriais incríveis com ele e a meta agora é poder ter os volumes 3 e 4. O trecho que eu queria colocar tinha duas páginas, então não ia dar muito certo aqui. Vai este que também é interessante:

Quando mais nada subsiste de um passado remoto, após a morte das criaturas e a destruição das coisas, sozinhos, mais frágeis porém mais vivos, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o odor e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, lembrando, aguardando, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, e suportando sem ceder, em sua gotícula impalpável, o edifício imenso da recordação.

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Últimos filmes: O homem da câmera; Em Paris; Dragão Vermelho; Matador; Sin City; Jamón, Jamón; Um lugar qualquer; Andrei Rublev; Educação; O livro de cabeceira; Sonata de Outono; Amor à flor da pele; A professora de piano; Cisne negro.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Livros - Parte II - Livro Novo (Proust)

Livros



Quando eu era pequeno e pedia às pessoas daqui de casa que lessem pra mim uma coleção de livros infantis de contos de fadas todos faziam cara feia e davam logo um jeito de se safar da tarefa. Mas depois que eu aprendi a ler tive preguiça de pegar essa mesma coleção, pois acho que já estava enjoado das figuras. Quando fiquei mais velho, a série vaga-lume me era até interessante e cheguei a pegar 3 volumes da biblioteca da escola por vontade própria. Infelizmente, até os meus 16 anos eu não lia praticamente nada que não fossem os “livros-chatos-que-os-professores-de-ensino-fundamental-e-médio-exigem”. O que fazíamos com eles? Resumos, claro, ou então um teatrinho ordinário “porque senão você não ganhará pontos e será reprovado”. Todo esse tempo perdido é irrecuperável, mas eu tenho aprendido a não cobrá-lo de mim mesmo porque eu ainda não havia descoberto o sabor que tinha a leitura, nem a importância para o pensamento, nem para a formação de um olhar mais sensível a objetos, pessoas e acontecimentos.


A obrigação de ler para passar de ano se reveste numa capa dourada de discurso pedagógico, mas ao invés de ser um incentivo, é uma mutilação do prazer pela leitura. Apesar de todos já sabermos disso, o exemplo que eu vou dar agora ninguém nunca ouviu porque aconteceu aqui em casa. É que eu conversava com minha sobrinha de 5 anos e perguntei se ela gostava de ler. Ela disse que não, porque quando ela errava a pronúncia do “b + a = ba” na escola, a professora tirava pontos. Pronto. Apesar da diferença de idade entre nós, parece que pouco se evoluiu em questões didáticas (pelo menos quando se trata de aplicação da teoria). Agora, a parte engraçada: Eu, querendo ser solícito, peguei um livrinho da história do Peter Pan para tentar mostrar a ela como pode ser interessante ler. Chegando ao final, quando o protagonista consegue derrotar os intrusos da ilha, o narrador relata: “O nosso vencedor voltou ao bosque, pegou uma corda e amarrou os piratas”. Eis que eu perguntei à minha sobrinha quem era “O nosso vencedor” e ela responde que é “Jesus”. Rsrs. Depois eu trouxe pra ela ver a mesma coleção de histórias de quando eu era pequeno e li um dos livros para ela. No dia seguinte – a pedido dela – tive de ler todos!!!




De volta à minha história, eu só comecei a ler por deliberação e prazer a partir dos 17 anos, quando descobri que “O Senhor dos Anéis” era, na verdade, a adaptação cinematográfica de uma obra literária. Eu fiquei muito empolgado e resolvi comprar o primeiro livro da trilogia: “A sociedade do Anel”. Data de 07.01.2004, portanto, o primeiro livro que eu comprei por vontade própria. Eu passava horas olhando os mínimos detalhes da ilustração da capa, da contracapa, da lombada, e o economizava, lendo poucas páginas ao dia, por medo de que acabasse tão depressa aquela emoção trazida pela história, mesmo sabendo que, se eu juntasse os outros dois volumes – “As Duas Torres” e “O Retorno do Rei”, os quais eu compraria prontamente em poucos dias – o montante de páginas chegaria a 1200, e que com uma quantidade dessas não havia motivos para economia.

Depois disso vieram os outros livros do mesmo autor: “O Hobbit”, “O Silmarillion”, “Contos Inacabados”, seguidos das aventuras púberes e mágicas de Harry Potter, e após essa introdução aventuresca e fantástica, o início de coisas levemente mais cabeçudas, como o existencialismo erótico dos vampiros de Anne Rice, o wit de uma égua vitoriana chamada Oscar Wilde, Machado de Assis, que eu ainda não entendia a genialidade, o pedantismo (haha) da nada simples Nélida Piñon, e outras tantas coisas interessantes que trouxeram epifanias e eurekas ainda não imaginadas. (Clique Aqui e poderá vê-las).




A faculdade de Letras também me trouxe experiências e pessoas incríveis, com as quais pude compartilhar leituras – não tantas quantas eu queria, infelizmente – e conhecer autores que, certamente, não conceberia a existência. Passei a ver a literatura nacional com olhos respeitosos e de admiração pela rica produção  que antes eu desdenhava – admito! – por ainda ser um moleque insolente com pentelhos nascendo aqui e ali, e só saber reproduzir o discurso de ódio que o brasileiro tem pelo Brasil. (Essa serve pra você mesmo, que ainda acha que só o que vem de fora é bom, seu tapado!!!)

Hoje eu compro livros compulsivamente, mais do que consigo ler, tenho um cuidado obsessivo com alguns e pequenos prazeres com o objeto em si. A exemplo, gosto de sentir quando o peso do livro se transfere da mão direita para a esquerda na medida em que avançamos na história e, saindo do início, chegamos às páginas finais. Também acho visualmente mais bonitos os livros grossos, que passam das 400 páginas. Na estante eles se destacam e o olho enche de água de vontade de ler – em comparação com a boca com vontade de comer –, mesmo que eu não os leia imediatamente. Gosto de rearranjá-los na estante de vez em quando, pelo prazer de manuseá-los, olhar as capas, relembrar as histórias dos que eu já li, e imaginar as que ainda virão, nas próximas leituras. Gosto quando um livro chega pelo correio, a aflição causada pela caixa, notas fiscais, isopores ou plástico bolha que impedem de ver logo a capa, de cheirá-lo e tateá-lo, de folhear as páginas. Gosto, em especial, do primeiro parágrafo, ou das primeiras linhas de um livro, porque tudo é novo e não parece que vai ser ruim, e às vezes até leio em voz alta.




Mas acreditem ou não, esse texto todo foi escrito para chegar aqui: Depois de muito tempo olhando preços e esperando que eles abaixassem, e depois de ouvir tanta gente que eu admiro falando bem e indicando, chegou aqui em casa para mim um exemplar de “Em Busca do Tempo Perdido – Vol. I – No Caminho de Swann”, do Marcel Proust (ituto). Fiquei muito feliz! A arte da capa é muito bonita e as fotografias que a ilustram foram retiradas do site Getty Images. E eu acho que a cor (azul) combina muito com o conteúdo do que eu li até agora. O livro tem exatas 558 páginas. Essa edição conta com nova revisão, um prefácio ótimo, cronologia do autor, várias notas explicativas de rodapé – que por vezes revelam pequenos trechos da história, o que me deixa meio chateado, haha –, um resumo do volume, ao final , e um posfácio, que ainda não li e não posso dizer se é bom. Na contracapa há um trecho escrito pelo André Gide, que resenhou a obra do Proust.

Lembro-me que um professor disse, certa vez, que era um preconceito essa insistência em achar que só o texto na língua original era bom. E eu concordei porque por mais que se tenha um conhecimento bom em uma língua estrangeira, é indiscutível que se tem maior domínio da materna. E uma tradução boa nos dá mais acesso ao texto original do que uma tentativa de leitura na língua em que uma obra foi originalmente escrita. A tradução dos quatro primeiros volumes de Em Busca do Tempo Perdido é respeitada e confiável por ser de um poeta brasileiro: Mário Quintana. Há quem não goste da poesia dele. Eu nada digo porque mal conheço. Mas a habilidade de um poeta com as palavras e a sensibilidade com a linguagem é inegável. Dois dos três volumes póstumos foram traduzidos por nada menos que Drummond e Bandeira.




Sobre o conteúdo eu ouso falar pouco, mas o pouco que eu vou falar acho que já vai ser muito, porque não li mais do que 1/5 do livro ainda. Aconteceu de eu querer parar de ler quando estava no começo, porque eu percebi que eu estava prestes a conhecer uma das escritas mais bonitas a que já tive acesso, e se continuasse, ela se esgotaria. Uma certeza é a de que tudo, mas exata e intransigivelmente tudo o que eu ler depois dessa obra, há de se subjugar, inevitavelmente, a essa forma única de organização narrativa e de escolha dos momentos mais oportunos para fazer brotarem as perfeitas palavras na (e da) página.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Livros - Parte I - Presentes



Eu sempre fugi do envelhecimento, mas no ano de 2010 eu resolvi fazer diferente: dei mais atenção aos aniversários dos outros e tentei aceitar o meu como algo bom e alegre. Fiz questão de parabenizar pessoas que mal conversava por internet, amigos que há muito não via, pessoas consideradas só colegas, tudo sem me preocupar em receber quando fosse a minha vez. No meu aniversário, não evitei telefonemas, como costumava fazer. Pelo contrário, atendi a quem me ligou e fiquei feliz pelos parabéns recebidos. Dei o máximo de presentes que pude e que quis, e recebi uma quantidade que nunca tinha recebido antes. Eu, que quando comecei a gostar de livros reclamava de nunca ganhá-los, tanto deles falei para as pessoas, e tanto encontrei amigos virtuais interessados neles, que nos últimos tempos, livros foram os presentes que eu mais ganhei. 

- De Belém do Pará, chegou para mim A História de Amor de Fernando e Isaura + uma carta.


- De uma amiga e colega de faculdade, A Legião Estrangeira e A Descoberta do Mundo + um marcador de página feito por ela mesma.



- De minha irmã, que me presenteou com dinheiro, eu ganhei (à minha escolha) No Caminho de Swann e Confissões de uma Máscara.


- De meu irmão, um par de tênis e À Sombra das Raparigas em Flor (à minha escolha);

- De uma amiga, a qual já me presenteou com um livro religioso e muito bom na época em que li, além de um anel que uso e é bonito demais, ganhei uma calça jeans.

- De outra amiga, um perfume Acqua Brasilis.

- No meu aniversário, em 2007, eu recebi, direto de Fortaleza, “A Insustentável Leveza do Ser” e “Crime e Castigo” + um cartão postal e dedicatórias bonitas dentro dos livros.


- Em fevereiro de 2008, uma colega de faculdade e amiga me deu “O Diário de um Mago” e “As Valkírias”.

- No mesmo ano, uma pessoa muito querida e amiga me presenteou com “O velho e o Mar” e “Entre os Atos” no meu aniversário. Esta mesma pessoa, em outras ocasiões, ainda me deu vários outros livros: Um com os poemas do Machado de Assis (tudo bem que foi porque não se interessava, mas me deu!); Souvenirs de Berlin Est (tudo bem que foi porque já tinha um igual, mas poderia ter dado a outra pessoa!); um que traz artigos sobre Modernismo (tudo bem que é porque tinha, novamente, dois exemplares, mas resolveu que daria a mim!); O Lobo da Estepe (tudo bem que é porque leu e não gostou, mas poderia ter jogado fora, só que me presenteou).



Eu, por minha vez, dei de presente:

- Um bauzinho com 4 livros de contos de fadas;

- Um kit de creme hidratante de ameixa + sabonete de ameixa;

- Uma camisa verde lisa + uma camisa de botão manga curta listrada;

- Livro: Perto do Coração Selvagem;

- Livro: Perdas e Ganhos + Carta + 2 DVDs com vários filmes gravados;

- Livro: n.d.a. (do Arnaldo Antunes) + Carta;

- Carta;

- Um blog (é! Dei um blog de memórias de presente. Pena que tudo deu tão errado, e eu me arrependi);

- Filme: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain + Carta;

- Uma barra pequena de chocolate branco (Talento);

- Cesta com chocolates;

- Filme: My Fair Lady;

- CD: Andarilho, do Flávio Venturini.