Perceberam que os serial killers viraram celebridades? Uma psicóloga brasileira, que até escreveu um livro sobre como reconhecer um psicopata (livro bem tché-tché inclusive) disse, numa entrevista no Sem Censura, que o Maníaco do Parque era o campeão de cartas recebidas. Várias propostas de casamento foram feitas a ele, teve seus 15 minutos de fama na TV, fez e aconteceu. Em Six Feet Under, no episódio “The Foot” da 1ª temporada, a Claire mencionou um tal de Jaffrey Dahmer. Procurei no Google a respeito do bom rapaz e descobri que apesar de bonito e calmo, cortava o pênis dos seus parceiros e os guardava numa caixa, cozinhava a cabeça para que a pele soltasse mais facilmente do crânio e os pintava, expondo-os como troféus, e também comia a carne dessas vítimas. Depois de preso, foi assassinado por um colega de cela. Outros indivíduos desse tipo que vieram até mim, foram a dupla sertaneja Eric Harris e Dylan Klebold. Soube deles pelo noticiário, claro, mas li sobre o caso principalmente pela relação que fizeram, na época, dos assassinatos com o Marilyn Manson. Acontece que os carinhas decidiram metralhar seus schoolmates porque sofriam de bulling. Mataram cerca de 14 estudantes no Instituto Columbine, no Colorado, EUA, em 1999, e depois se suicidaram. Alegou-se, na época, que a dupla escutava um tipo de rock agressivo que pode tê-los influenciado. Dentre as bandas prediletas estavam KMFDM e Marilyn Manson. O acontecimento rendeu um documentário do Michael Moore (Bowling for Columbine) e um filme ótimo do Gus Van Sant (Elefante). Dahmer era homossexual. As más línguas diziam que Harris e Klebold também trocavam figurinhas. Em “Elefante”, os personagens que os representam tomam banho juntos e se beijam. O corte da cena logo após esse fato permite pensar que algo mais aconteceu.
Shoot shoot shoot motherfucker
Shoot here and the world gets smaller ¹
Boa parte desses indivíduos que não se encaixam no comportamento natural e que seguem um próprio código, acabam revelando desvios sexuais também. E eu suspeito que a ficção retratou esse lado. O seriado “Dexter”, o qual por um bom tempo eu assisti sem muito ânimo, mas depois me viciei, e engoli 4ª temporada, com 12 episódios de 50 minutos cada, em apenas um dia, mostra os dois lados da vida de um psicopata que trabalha para a polícia de Miami. Fizeram muitas adaptações de um assassino em série de verdade para um personagem, é claro, afinal se trata de ficção, até romancezinhos-água-com-açúcar tem. Dexter me faz lembrar dos vampiros da Anne Rice. Acho que eles têm coisas em comum: escondem sua verdadeira identidade; fingem o tempo todo reações e sentimentos que costumam não ter; espiam e perseguem as vítimas; quando estas lhes interessam, estudam-nas meticulosamente; tentam fazer parte do círculo social delas; e, por fim, após essas preliminares, chegam ao orgasmo, cravando-lhes algo no corpo que permita ao sangue/gozo jorrar (no caso dos vampiros, as presas; no caso de Dexter, a faca). O assassinato é o coito desses personagens. Nada lhes dá mais prazer. Louis, o narrador de Entrevista com o Vampiro (Anne Rice), afirma que, apesar de atacar mulheres, as vítimas preferidas de Lestat eram jovens rapazes. Por um lado, Dexter leva uma pacata vida de namorado e, no decorrer da série, pai de família, mas só alcança o êxtase supremo do seu desejo mais oculto quando alivia as tensões ao esfaquear e esquartejar suas vítimas, todas elas homens, escolhidos a dedo.
Got my lunchbox and I'm armed real well
Next motherfucker gonna get my metal ²
A ficção te permite tal distância da realidade que às vezes me sinto culpado por gostar de assistir a um assassino dilacerar a vítima em nacos de carne e querer mais cenas de horror. Mas aquele sangue fictício, feito de groselha, rsrs, e os jogos de câmera que simulam uma arma fria abrindo caminho na carne do ator, não são páreos para um Dahmer da vida, que fez isso:
Já me imaginei cortando alguém. Não gostei das imagens que me chegaram do além,rs. Hoje, eu cortei carne de porco em cubos para o almoço. Raramente faço esse serviço. E digo: a sensação não é boa, principalmente quando ela está em temperatura ambiente e o tato sente os gomos de tecido e músculo sendo partidos. Preciso de outra profissão. Não sirvo pra ser Dexter.
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1- Marilyn Manson - The Reflecting God
2- Marilyn Manson - Lunchbox
(se tiver estômago fraco, já sabe que não deve clicar, não é?)
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1- Marilyn Manson - The Reflecting God
2- Marilyn Manson - Lunchbox