sexta-feira, 9 de abril de 2010

Rufus Wainwright - All days are nights

All days are nights: Songs for Lulu (arte da capa)



Foi pelo “Release the Stars” (2007) que eu conheci o Rufus e depois escutei o resto do trabalho dele. Desde então (a não ser pela tournê que fez com músicas da Judy Garland) não lançou mais nada. Eu estava com saudade de coisa nova.  A mãe dele, Kate McGarrigle, morreu em janeiro deste ano e o novo álbum é meio que um réquiem ou homenagem a ela. Todo composto para voz e piano, “All Days are Nights: Songs for Lulu” tem um tempo de duração equilibrado, 48 minutos. Isso ajuda a não deixá-lo cansativo. Tive uma primeira impressão ótima do álbum. Pra quem não suporta a voz do Rufus, sinto informar que continua a mesma. A boa notícia é que dá pra ouvir pouquíssimas daquelas sugadas de ar típicas dele. As letras e o clima são tristes, mas a voz e o piano são fortes. Nunca o ouvi tocar com tanta vitalidade. Parece que ele fez mesmo o trabalho que sempre quis. Se existe um toque de pop me avisem, porque eu só consegui escutar acordes complicados, semitons, uma pitada de dissonância quase experimental e contratempos. Nada de melodias fáceis de assimilar. Destaque (com marca texto verde,rs) para a trilogia dos sonetos de Shakespeare, não por ser algo inédito alguém cantar poemas, até porque não é mesmo, mas porque foram musicados bela e tristemente. Triste pra mim, em música, é elogio forte. Não sou emo, não, senhor(a)! É que sempre me parece que as músicas tristes não têm pressa de serem executadas. E pra quem tem paciência e tempo de parar pra ouvir, são degustadas de maneira bem melhor. Ah, e ele canta uma música inteira em francês (eba! Já estava me cansando de Complainte de la Butte). E acho que ouvi a tampa do piano (caixão da mãe?) sendo fechada no final silencioso da última música.


Edit (12 de Abril): Depois de ouvir mais algumas vezes o álbum todo, eu não dou mais tanto destaque para os poemas, e sim para outras músicas: a que ele escreveu pra mim,rs:"So sad with what I have"; A  desesperadora "Martha"; a 'placíbica' "What would I ever do with a rose" (como assim how it would ever get me high?); e Zebulon (where have you been zabulon - isso me lembra "Por onde andará Stephen Fry/Dulce Veiga. Freedom is apparently all I need. But who's ever been free in this world?). A que eu menos gostei é a saltitante e que tem título de 'eu sou mimado' "Give me what I want and give it to me now". As letras talvez nem sejam tão tristes assim. Estão tratando de assuntos menores, ou então é a impressão que eu tive quando me lembrei das outras letras dele, que falam sobre cidades e monumentos, coisas mais abrangentes e megalomaníacas. Agora ele está... sereno, íntimo, minimalista. É, é isso.