Pra combinar com a laranja daquele outro post.
Ontem, quando o primeio semáforo que há depois da autoescola abriu - dando aval para aquele dilúvio bovino passar no matadouro -, eu deixei o carro morrer e tive que ligá-lo às pressas porque vinham outros atrás. Não levei buzinada na cacunda (kkkkk) mas fiquei meio aflito. Hoje de manhã eu já saí de casa preocupado com isso, e pedi a Skinner 1 que não me punisse, porque eu já tinha aprendido com a lição, rs. Pois não é que o dito cujo me deu foi uma recompensa? Pela primeira vez, encontrei o sinal verde. Durante a aula eu errei baliza três vezes, o que deu margem pra que o "fidaégua" sentado no banco do carona afirmasse que "tá faltando pensar um pouquinho, hein, motorista?!", mas acertei as próximas duas. Na volta, o espírito de Nenê (como também é conhecido Skinner) foi mais uma vez generoso e eu encontrei o outro semáforo também verde. Chegando na autoescola eu me desesperei pra estacionar o carro no meio daquela muvuca de bicicletas e motos e pedestres e crianças com catarro verde escorrendo pelo nariz e limpando em mangas de blusas de frio já melecadas, o que deu vazão pra que o "fidaputa" sentado ao meu lado direito ralhasse comigo, dizendo que "cê demorou demais pra virar o volante, motorista, que negócio é esse? E essa sua embreagem hoje não tava funcionando, não?!". Não, não estava. Ela agarrou no seu ** quando eu apertei até o fim, babaca. Saí do carro, fechei a aula, e vim embora.
- O sinal...
Passei num mercado de verduras pequeno, coisa de duas portinhas, e enquanto escolhia limões - gosto muito em carnes e na comida -, ouvia uma música bonita ali dentro. A voz era masculina e o estilo era lírico. Lembrava um pouco o Josh Groban, mas eu duvidava que alguém aqui, e logo num mercadinho, conhecesse. Nem é preconceito, é estatística mesmo.
- O sinal...
- Eu procuro você...
- Vai abrir, vai abrir...
- Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
- Por favor, não esqueça, não esqueça...
- Adeus!
- Adeus!
- Adeus!2
Passei num mercado de verduras pequeno, coisa de duas portinhas, e enquanto escolhia limões - gosto muito em carnes e na comida -, ouvia uma música bonita ali dentro. A voz era masculina e o estilo era lírico. Lembrava um pouco o Josh Groban, mas eu duvidava que alguém aqui, e logo num mercadinho, conhecesse. Nem é preconceito, é estatística mesmo.
Eu: "Isso é rádio ou CD?"
Ela: "É CD. Eu vi que você tava procurando de onde vinha o som" (e apontou, com sorriso no roso, pra um microsystem).
Eu: "De quem é?"
Ela: "O CD? É meu".
Eu: "Não, digo, de que artista?"
Ela: "Ah, é Julio Iglesias. Eu adoro Julio Iglesias. Tenho três dele, mas quero pedir minha irmã pra gravar mais pra mim".
Eu: "Achei muito bonita a música! E o estilo me lembrou um outro cantor que eu conheço".
Ela: "Quem?"
Eu: "Josh Groban. Ele é dos Estados Unidos mas canta em outras línguas além de inglês, tipo italiano".
Ela: "Ah, esse eu não conheço. Depois você me diz o nome do CD, e eu vou tentar comprar".
Eu: "Tudo bem, então. Até mais e obrigado".
Ela: "Até mais, e obrigado a você".
Fiquei feliz por ouvir uma coisa diferente em um lugar tão simples. Geralmente, o padrão é rádio tocando nunca-se-sabe-o-quê da terra do Tio Sam e sempre-se-sabe-o-quê, já que as músicas se repetem durante todo o dia. Acho que ela ficou feliz por alguém ter percebido a música , ter dito que gostou, ter se interessado em perguntar quem cantava e, ainda, conversar um pouco sobre aquilo em meio a bancadas de beterrabas, limões, pepinos, abobrinhas, cebolas, tomates, batatas, balança digital, gavetas do caixa, moedas, cédulas e sacolas plásticas. Mas saí de lá pensando "Oh meu Deus, eu gostei de Julio Iglesias. Eca!", kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Isso sim foi preconceito. Mas tem gente que gosta, em alarde, de coisa bem pior (sem essa de relativismo hoje). Fato é que eu cheguei em casa e fui logo procurar na internet a tal música. Das mais de 400 disponíveis numa dessas rádios online, não é que eu escolhi a certa? Tinha entendido um "Te voglio bene" (valeu, Terra Nostra, rsrs) lá no mercado, coloquei no Google enquanto o início da música tocava e não dava pra distinguir se era ela mesma, e descobri que era. O nome dela: Caruso, que também é nome do cantor de "Una Furtiva Lagrimia", que nossa querida Maca 3 tanto gosta(va).
Te voglio bene assaie
ma tanto bene sai
é una catena ormai
che scioglie il sangue dint'e vene sai
ma tanto bene sai
é una catena ormai
che scioglie il sangue dint'e vene sai
---
1 - Aquele carinha do behaviorismo, rs.
2 - Sinal Fechado - Chico Buarque.
3 - Macabéa (A Hora da Estrela).